Estive conversando com uma amiga sobre o
livro “Minha Querida Sputnik”. Li o livro de Haruki Murakami há uns cinco ou seis
anos atrás quando ele ainda não tinha a capa horrorosa que tem hoje. A bela história do amor de Sumire, a jovem acadêmica de literatura um pouco
afetada e neurótica (acho que os japoneses são assim mesmo) por Miu, uma
empresária bela e bem sucedida 17 anos mais velha que ela.
Na Tóquio moderna e
ocidentalizada entre cafés e universidades ao som de Jazz, Beatles e bossa nova
(“Dos pequenos alto-falantes no teto da cafeteria, Astrud Gilberto cantava uma
antiga música de bossa-nova “Leve-me para Aruanda”) as duas acabam juntas. Esse
"juntas" é meio japonês. A relação das duas, meio platônica, parece que
é o máximo que o universo de Haruki, e da mentalidade japonesa aceitam. Não
conheço muito os japoneses mas aparentemente eles não gostam muito desse
negócio de gueixa com gueixa e samurai com samurai. Será que a cena da roda
gigante onde Miu se enxerga sendo molestada sexualmente de certa forma não
serve para "justificar" e explicar a relação das duas mulheres?
De qualquer forma,
platônico ou não, amor sempre é amor, e a história é muito boa. O nome Sputnik
surge de uma conversa entre as duas em que uma tenta falar dos Beatniks dos
anos 50 e chama-os de Sputniks.“Miu ouvira falar em Jack Kerouac e tinha uma
vaga noção de que ele era romancista de um certo tipo. De que tipo ela não se
lembrava.
- Kerouac... Humm... Não era um Sputnik?
...A partir desse dia, o
nome particular de Sumire para Miu foi querida Sputnik.”
O Livro também tem uma
carga de suspense, e surrealismo meio místico. Sobrenatural talvez. Depois de
uma viagem pela Europa e uma rápida estada numa pequena ilha Grega, Sumire
desaparece sem vestígios. A história das duas mulheres é a moldura para outra
história. A solidão humana. Cada qual com sua tragédia vive em seu próprio
mundo. Todos andam juntos mas não se encontram.
Vale pena ler o Marukami.
O japa sabe das coisas.
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