segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

55.ª Feira do Livro de Porto Alegre




Há cinquenta e cinco anos que a feira do livro de Porto Alegre está na praça da Alfândega. O Lema dos fundadores era: “Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo.” Quantos eventos resistem por cinquenta e cinco anos com a vitalidade da Feira do Livro de Porto Alegre? A feira do livro teve pleno êxito em meio século de edições e foi além: Hoje, os leitores que transitam na feira, em sua maior parte foram formados pela feira pois cresceram conhecendo o hábito da leitura ainda pequenos e conduzidos pelas mãos dos pais ou dos professores. Vindos de todos os cantos do Rio Grande, percorrem os corredores da praça entre livros e atrações culturais gratuitas, nutrindo-se de cultura e formando um pensamento crítico, livre e independente, além de movimentar uma grande engrenagem de geração de renda, tanto para grandes empresas, editoras, agências e livrarias como para pequenos livreiros, editores independentes, atores, músicos, artistas, administradores e tantos outros profissionais das mais diversas áreas. Todo esse povo na rua, livre, inteligente, buscando conhecimento, está se tornando incômodo para algumas pessoas.

Alguns já começam a dizer: -“Vão para o Shoping, lá é mais gostoso, tem ar condicionado, não chove, não tem assalto.” Outros dizem: -“Comprem pela internet, o desconto é o mesmo e não precisa sair de casa.” Há aqueles ainda que apressam-se a procurar números, muitas vezes duvidosos, e anunciam: - Viram, a feira do livro vendeu menos que no ano passado! No fundo o que lhes incomoda mesmo é não ter controle sobre este povo que lê.

A feira do livro é a vitrine perfeita para o lançamento de autores iniciantes e pequenas editoras cujas obras muitas vezes sequer seriam aceitas em grandes redes de livrarias. Na feira, autores e editores consagrados lançam suas obras com vigor e colhem resultados imediatos com sua inserção no mercado editorial convencional. A feira do livro muitas vezes é o ponto de partida para livreiros grandes ou pequenos buscarem novos clientes e aumentarem a rotatividade de seus estoques.

Nos balaios de ofertas da feira encontram-se Kant, Platão, Rubem Fonseca, Mann, Veríssimo, Nietzsche, Borges, Kafka, Jorge Amado, Machado de Assis e centenas de grandes autores por quatro, cinco ou dez reais, e todos os livros expostos são vendidos com descontos e não apenas os que “alguns” querem que sejam lidos. A fórmula da feira do livro de Porto Alegre é perfeita: Leitores, livreiros, editores, todos ganham seu quinhão. Tem gente que não suporta isso. Essa profusão de cultura na praça, essa dinâmica democrática, certamente são entraves intransponíveis para os projetos desses aspirantes a déspota e suas idéias de nos transformar numa boiada feliz e facilmente controlável.



Resistiremos sim!

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