quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Parede requentada:





Um amigo perguntou se eu tinha postado alguma coisa sobre o livro do Altair. Puxei lá do final aqui para a frente para quem ainda não leu dar uma olhada.


A primavera deste Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2008 para mim está simplesmente maravilhosa. Os preparativos para a 54.ª Feira do Livro de Porto Alegre por si só já são motivo de alegria. Preparar a banca, planejar estratégias de atuação, escolher títulos enfim... uma festa. Este ano porem, teve mais: Como tudo já estava praticamente definido aproveitei um final de semana e ainda antes da feira acompanhei a Denise ao Rio de Janeiro para conhecer a turma dela da comunidade História & Música. Rapaz! Que turma boa! O “Orcontro” aconteceu em Conservatória, a Capital Mundial da Seresta, na serra das Araras, lá no alto onde o rio já é quase minas e o povo e os seresteiros cantam sem parar.

Melhor que uma viagem ao Rio de Janeiro só mesmo o novo livro do Altair Martins. O Parede no Escuro no inicio dá um susto pois não é nada convencional: Os personagens narram suas histórias em cenas muito bem elaboradas. Coisa de Gênio. Quem quiser ler um livro fácil, simples e direto escrito como quem deixa um bilhete de instruções para a empregada na porta da geladeira, sugiro que leia o Dan Brown. Parede no escuro é uma escultura de palavras. Uma história simples que nos envolve numa enxurrada de sentimentos. Enxurrada como a que caía quando o padeiro Adorno foi atropelado por um professor, que “namora” uma aluna que divide o quarto com a filha do atropelado que morando perto, quase vizinho do pai do atropelador com quem já teve suas diferenças no passado, quando parou no escuro para entregar uma cesta de “dorninhos” (pãezinhos do Adorno). O livro é repleto de cenas com esta:
“Um pequeno rio de água e espuma desceu à porta da rua e venceu uma fresta que o levaria até a calçada. E era aquilo um começo. Porque também, quando terminamos, havia água nos dois baldes, e minha mãe abriu a porta que dava para o pátio. O Placebo latia. A Kombi parada. E então a Dona Onira despejou muito devagar a água que havia lavado a padaria.
- Por que todo esse cuidado, mãe? É água suja, não é?
- Quando eu te dei o primeiro banho, era numa bacia de matéria, e eu ia atirar a água no ralo, e daí então o Adorno pegou e disse que tinha que ser bem devagarinho, porque senão a nenê ia ficar assustada. O Adorno não queria te assustar, entende, filha?
E eu entendi, tanto que despejei, devagar, quase fazendo gotas, a água que espalhava alguns farelos resistentes pelo pátio. Que as estações de susto passassem de vez naquela casa.”
O Livro é tão bom que dá pena quando termina. Sem dúvida foi o melhor livro que li este ano e vou relê-lo assim que tiver um tempinho. Até por que preciso entender melhor o que o cara afinal, fez com os passarinhos do pai.

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