sexta-feira, 23 de março de 2018

Adelante

Os feriados de Natal e Ano Novo proporcionam uma parada nas atribulações do nosso dia a dia, embora muitas vezes causem uma correria muito maior do que se não existissem. Disputamos ingredientes para as ceias praticamente a tapas com outros pretendentes e cada milímetro avançado na Free-way pode ser comemorado como uma vitória. 
Depois dos feriados retornamos mais cansados do que fomos. Exaustos depois de horas trancados num trânsito pachorrento, vamos e voltamos aos locais de nossa preferência onde passamos alguns dias de um pretenso descanso. Digo pretenso porque saímos do conforto dos nossos lares para passar trabalho e dificuldades muitas vezes apenas para cumprir um script que se repete ano após ano. 
Como um ritual tribal de alguma ilha perdida no pacífico, anualmente empurramos os problemas para debaixo de tapetes imaginários e nos dedicamos por alguns dias a brincar e viver uma “la vie em rose”. A realidade fi cará para ser resolvida no futuro. “No ano que vem”. 
Mas, sabe-se lá se esse período anual, de jogar tudo para o alto e viver a vida por alguns dias, não seja justamente o que nos dá a força para voltar e enfrentar mais um ano de vida normal. Essa suposta vida normal que nos transformou em coisas (homobjectus?) e nos suga a maior parte da nossa vida. Pensando bem, passar uma ou duas semanas brincando com o filho numa praia é um pagamento muito pequeno pelo que somos obrigados a fazer pelo resto das nossas vidas para ter esse direito. 
Um bom descanso e ótimo retorno para todos.
O ilustrador Luis Paulo está de volta do estrangeiro. Voltou  morrendo de saudade de um churrasco e um bom chimarrão e anda desenhando a gauchada como nunca.

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